O peixe é a proteína animal mais consumida no mundo. A sua produção supera a produção global de carne bovina, de frango e de porco:
Tipo de proteína | Produção global em 2017 |
---|---|
Peixes | 172,6 |
>>> da pesca | >>> 92,5 |
>>> de criação (aquacultura) | >>> 80,1 |
Carne de frango | 121,2 |
Carne de porco | 119,6 |
Carne bovina | 68,4 |
(milhões de toneladas) |
Nessa comparação, o peixe também ganha por ser a mais saudável das proteínas animais, já que tem altas doses de gorduras boas (insaturadas), de ômega 3 e de vitamina D.
Tem mais: você sabia que o peixe também é bom para o meio ambiente?
Para se produzir 1 kg de peixe, consome-se apenas 1-2,4 kg de ração, enquanto para 1 kg de carne bovina consome-se 6x mais. Ou seja, além de alimento saudável o peixe é também eficiente no uso dos recursos naturais.
A produção de peixes em cativeiro tem crescido enormemente no Brasil. Nós já somos o quarto maior produtor mundial de Tilápias. Uma parte importante desse crescimento vem da produção em tanques escavados, como na fotografia abaixo:
O problema: falta de informação
Apesar das vantagens do peixe e do crescimento da produção, o setor piscícola enfrenta um problema central: a falta de informação. Os dados sobre a produção de peixes no Brasil são incompletos. As consequências disso são amplas. Por exemplo, o controle sanitário dos peixes produzidos em tanques é muito mais precário do que o controle sanitário da bovinocultura. Um dos motivos é a falta de informação sobre onde estão localizados os tanques, quanto eles produzem e quais espécies produzem.
A solução: MaPeixe 🐠 – mapeamento da produção com imagens de satélite
Para enfrentar esse problema, nós desenvolvemos o MaPeixe 🐠, um método inovador e custo-efetivo de produzir informação sobre a produção piscícola. Com base em imagens de satélite de alta definição, fizemos um mapeamento inédito da localização, tamanho, e evolução dos tanques de peixes ao longo do tempo (2006 a 2018) em Rondônia.
Para cada tanque de piscicultura, o MaPeixe identifica as seguintes informações:
Ano de surgimento | Tamanho da lâmina (hectares) |
Lâmina ativa (cheia) vs inativa (vazia) | Uso do tanque (mãe d’água, berçário, recria-engorda) |
% do tanque com vegetação ripária | Fonte de abastecimento (nascente, curso d’água, bombeamento) |
Supressão de vegetação nativa na construção do tanque |
>> Veja abaixo o MaPeixe 🐠, um conjunto de informações inéditas, geradas por meio de mapeamento geoespacial, da piscicultura de Rondônia <<
Condições de uso deste material

Todas as informações desta página podem ser usadas e distribuidas livremente segundo os critérios da licença Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Para acessar dados mais detalhadas da produção piscícola, entre em contato conosco pelo e-mail p.m.vale@alumni.usp.br.

Conteúdo
O que é este mapeamento.
A piscicultura tem dinâmicas bastante diferentes nessas três regiões.
Produção de peixe fortemente concentrada na região de Urupá.
. Área de tanques piscícolas decresceu na maior parte do estado, mas continuou crescendo em Ariquemes e Rio Crespo.
. A cada dez hectares de tanques, um está inativo (vazio). Mas em Ariquemes é diferente: só 3,7% da área está inativa.
Ariquemes: 1.896 ha de lâminas piscícolas, 3,7% de lâminas inativas (vazias). Depois de 2015, a área de produção só cresceu em dois municípios, Ariquemes e Rio Crespo.
Mapas de calor do avanço da produção em um município desde 2005.
Tanques abastecidos por bombeamento são absoluta minoria. Abastecimento a partir de nascente em queda. Em torno de 10% dos tanques tiveram supressào direta de vegetação nativa.
Economista; Zootecnista; Agrônomo.
Conheça a metodologia.
1. Por que Rondônia?
A seguir os primeiros resultados do trabalho de mapeamento da piscicultura em todo o estado de Rondônia de forma consistente ao longo do tempo.
2. MaPeixe 🐠: as três velocidades da produção de peixes
Infografico by Petterson M Vale3. MaPeixe 🐠: onde está o peixe?
[Clique na imagem para aumentar]

4. MaPeixe 🐠: estagnação depois de 2015
Na região 1, de Urupá e Mirante da Serra, onde existe a maior concentração da produção com propriedades pequenas, a área de tanques de peixes teve uma queda de 3% ao ano entre 2015 e 2018. Ou seja, em vez de estagnação houve retrocesso mesmo. Isso se compara a um crescimento explosivo, de nada menos do que 30% ao ano, entre 2006 e 2015. Uma situação parecida ao que aconteceu na região 3, que engloba Porto Velho, Machadinho, Teixeirópolis e outros municípios onde há uma baixa concentração de lâminas: queda de 1% ao ano depois de 2015 frente a crescimento de 26% ao ano antes de 2015.
O interessante é que a região 2, com os municípios de Ariquemes e Rio Crespo, teve situação totalmente diferente. Aqui, houve crescimento de 13% ao ano depois de 2015 frente a crescimento de 15% ao ano antes de 2015. Ou seja, praticamente não se observou alteração no padrão de crescimento a partir de 2015!
Então, no fundo, não dá para falar de estagnação no estado de Rondônia. Na verdade, o que aconteceu foi um retrocesso, uma redução na área produtiva, na maior parte do estado, associada à continuidade do crescimento na região de Ariquemes, que concentra a indústria do peixe. Daí a média para o estado foi a estagnação.
5. MaPeixe 🐠: tanques de peixes inativos
Pelo menos 10% da área de tanques de peixes em Rondônia está inativa. Nós identificamos lâminas inativas como lâminas piscícolas vazias. Em certos casos, todavia, os tanques podem estar cheios e mesmo assim inativos. Por isso, a estimativa de 10% é um valor mínimo.
A região de Ariquemes apresenta uma taxa de inatividade muito mais baixa do que as demais regiões. Enquanto no município de Porto Velho 25% das lâminas foram identificadas como inativas, em Ariquemes foram somente 3,7%. A região de Ariquemes foi a única parte do estado em que a área de lâminas piscícolas não deixou de crescer a partir de 2015.
6. MaPeixe 🐠: piscicultura – dados inéditos de 11 municípios
[Clique nas setas para passar de um slide a outro]
7. MaPeixe 🐠: para onde avançaram as lâminas d’água?
[Clique aqui para acessar o relatório completo do mapeamento da piscicultura no município de Rio Crespo, Rondônia]

8. MaPeixe 🐠: como evoluíram as lâminas d’água?
[Clique aqui para acessar o relatório completo do mapeamento da piscicultura no município de Rio Crespo, Rondônia]

9. A equipe
10. Como fizemos o mapeamento?
Este trabalho foi realizado com a aplicação de técnicas de classificação supervisionada de dados a imagens de satélite de alta definição (Sentinel 2, Google e Bing).
